Sempre se considerou dele e ele dela, mas nem por isso mexiam nas coisas um do outro. Havia, além do amor que os unia, um respeito à individualidade: coisas dela, coisas dele e coisas do casal. Assim construíram o “casamento”. E tudo ia bem, até que um belo ano, algo mexeu com ela, pois ela o percebeu muito diferente. É, ele resolveu ter um casinho extra. E ninguém precisou contá-la, soube por si só. Choro pra lá, promessas pra cá, mudança rápida da cidade em que moravam, pois lá, cidade pequena, não mais cabia aquele ex-casal perfeito. De volta à cidade natal, algumas coisas continuaram como eram anteriormente, como, por exemplo: o respeito às coisas de cada um. Até que um outro belo ano, novamente tocada por algo estranho, ela sentiu, perguntou e ele confirmou. É, ele resolveu novamente “aprontar”. E dessa vez o estrago foi feio. Acusações pra lá e pra cá, justificativas, explicações sem sentido e ela, do nada, depois de doze anos de vida em comum e respeitosa, resolveu “mexer” nas coisas dele. Pra quê? Deveria ter continuado dignamente na dela, pois descobriu que ele era outro. Um outro que tinha a capacidade de escrever cartas, um tanto melosas, meio cafajestes e cheias de intenções para com a nova sujeita. E as tais cartas eram primeiramente rascunhadas, na casa em que viviam, pois num dia ela lia só uma metade da folha escrita e no outro dia, o restante e, o pior, num papel que era dela. E em meio à leitura descobriu que ele denominava seu casamento de “estigma”, que poderia até ser vencido, bastava a sujeita dar o sinal afirmativo. Ela descobriu que era tratada “camufladamente” como a responsável por esse estigma ruim e, também, pela total infelicidade dele. E em meio às fuçadas no que não era dela, descobriu, ainda, que aquela conta que tinham em comum pagava noitadas em motéis. Ele argumentava ser grana usada para encher o tanque do carro. Nem que tivessem uma frota. Corajosamente contou para o ainda então marido o que fizera: que mexeu na carteira dele. Não contou das cartas, pensou que poderia ser até um castigo, ele ficar se remoendo: ela leu ou não leu? Claro que o tal casamento, antes sustentado pelo respeito e cumplicidade ficou invasivo e não mais se sustentou. Foi FIM...
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Algum tempo depois ela voltou à vida amorosa, um casinho cá, outro lá, até que arrumou um namorado que freqüentava a casa dela. E que susto: pegou-o mexendo em tudo que não era dele, nem de longe: nos disquetes, nos e-mails, nas agendas. Um horror!! E ela não entendia o porquê disso, era fiel e tentou argumentar que não havia sentido, que aquilo era quase um crime. Mas que nada, o tal sujeito se achava, e se achava tanto que vasculhava as agendas do tempo em que ela ainda era casada; vasculhava e fazia inúmeras perguntas invasivas. Já nos primeiros meses de namoro e percebendo essa invasão, ela sentiu que aquilo não ia prestar, mas mesmo assim continuou o romance, na esperança de que o tal sujeito melhorasse suas atitudes e a respeitasse mais. Até que um dia ela concluiu que ele não conseguiria jamais conhecê-la o suficiente para entender que ela abominava invasão de privacidade, que nunca mais ela viveria uma situação semelhante - apesar dos papéis invertidos - àquela que viveu com o ex-marido. E com um basta, mais um FIM...
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Outros romances e eis que de repente ela se tornou a outra de um. Sim, a outra de um relacionamento em que o outro jurava estar no fim. Teve paciência e esperou... esperou bastante, até que um dia a história foi descoberta, porque ela cutucou a onça com a vara curta. Contudo, nesta história, ela foi preterida e, posteriormente, soube que algumas coisas que ela havia mandado foram destruídas pela tal mulher oficial, descobriu que a talzinha era investigativa e em tudo mexia, mas nunca foi capaz de perceber que, por um bom tempo, havia outra, rondando ali, o seu romance; a oficial ficava tão ligada em investigar e mexer nas coisas alheias que não via o óbvio, que não percebia o mais importante: a mudança do outro.
Ahhh, o sonho dela era unir o ex-namorado que mexia em suas coisas, àquela mulherzinha que mexia e, também, destruia as coisas que ela mandava para quem dizia ser seu amor. Claro, outro FIM.
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Em decorrência desses três romances que viveu e da forma com que eles chegaram ao fim, ela tem algumas certezas e várias indagações. Certeza de que mexer em coisas alheias é feio, cruel e escuro; mas não perceber, não sentir a mudança do outro é tão feio quanto. E ela indaga: os relacionamentos respeitosos só existem quando os casais são mais inocentes ou na velhice da velhice? Por que não na maturidade? E por que confundir intimidade com invasão?? E essas perguntas... ahhh, essas perguntas mexem com ela...
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Uma linda quinta-feira para todos vocês, pois nas quintas é dia de soltar a imaginação e cuidar bem do que é só seu, inclusive, dessas "viagens...

22 deixaram-se | comente |:

  1. Anônimo disse...

    Ai, gente, parece que a Belinha resolveu me atazanar...
    Olhas o tamanhão dos espaços.
    .
    Resolvi colocar um título lá no lugar em que tem o babadinho da música.
    Só que eu queria essa distância mais larga, assim como é no meu blog...
    Mahhhhhhhhh, socorre!
    E não pedi licença ao pinguinzinho, também sou mainha dele, eu mando!!  

  2. Anônimo disse...

    Gosto um tanto do que cê escreve... aprender com, é o que há!!
    Admiro bagarái!
    Bjo nas naudigas e um ótimo dia pra nós!
    p.s.: Ontem já tinha net de noitinha, mas eu dei preguiça de ligar pc...fiquei cuidando dos queridos ^^  

  3. Anônimo disse...

    ôôÔ musica boua!  

  4. Anônimo disse...

    Por que o marido a traiu?

    ANONIMO  

  5. Anônimo disse...

    Rindo duplamente: como o beijo nas naudigas de Laquinha e com a pergunta do sem acento.
    Ai, Jesus, me chicoteia - como diz a Mahhhh
    .
    Laquinhaaaaaa, feliz porque tá de net já...
    beijos amores  

  6. Anônimo disse...

    Rosanita, vc ta fazendo uma novela é?? cada semana cenas de continuação
    depois vcs se assustam com o meu parte 1,2..
    bem vamos por partes, primeiro uma vez vc digamos que me deu um precioso conselho. de nçao mexer nas coisas alheias, e de la para ca, eu segui a risca, quero dizer quase a risca, heheheehehe é que eu tenho as senhas pô, a tentação é muito grande, mas ai eu lembro do que vc me falou e tento voltar atras...
    e sobre a pessoa que esta ao nosso lado ter outra pessoa, é dificil a gente não perceber ne...quem tem sensibilidade compreende
    e acredito que exista o chamado amor respeito sim.. mas as vezes nçao sabemos entende-lo..
    e sobre o filme de ontem, eu tb nçao gosto dele, eu so queria entende-lo mesmo
    beijocas  

  7. Anônimo disse...

    e pq essa coisa ta em ingles?
    sera que dui eu que mexio nas configurações sem querer
    eu não gosto de ingles
    meu cunahdo esta nos EUA, ele vai trazer um mickey de tamanho natural para mim, hahahahhaha e com certeza ele sera preso na alfandega
    beijcoas pessoas
    e eu odeio ingles  

  8. Anônimo disse...

    Ai.
    O texto aí mexeu fundo aqui dentro...

    Sei lá o que vai ser do Paquito se um dia ele passar por tanta coisa assim!
    Algumas ele até já passou...

    Adorando sua fase de contos, mainha!
    Vou tentar imitar!
    hihi  

  9. Anônimo disse...

    E eu não sei se gosto ou não do filme Closer - perto demais.

    Principalmente daquela musiquinha!
    And so it is... Me lembra uma fase chatinha, de ilusão querendo virar amor e virando choradeira mais tarde...
    hehe  

  10. m disse...

    rafa, crê que eu também não sei se gosto ou não do filme? ¬¬

    tá, já que é pra abrir o jogo: eu confesso (o que é um bom tema para as futuras oportunidades). confesso que já fiz isso, já vasculhei e já encontrei coisas das quais eu não gostaria de ter encontrado, mas que (por incrível que pareça) me tornaram quem eu sou hoje. não que isso seja grande coisa, ou vantagem, mas eu não acho ruim. em miúdos: num primeiro namorico fiz besteira, me passei por outra e cantei.. quase fiz uma serenata.. hahaha.. é, cantei o meu namorado - fazendo ele achar que era outra. ele caiu, e eu deixei o romance cair - graças a Deus. sim. hoje dou graças a Deus de aquilo não ter continuado, yes! conclusões vide: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=5334134

    pois é, duma outra experiência não quis saber tudo - mesmo pq não existia um tudo. e mesmo após ter acabado, eu fico querendo saber - ele mesmo me conta, contrariado.. mas conta. quem mandou não ser um fim de namoro & fim de amizade, né? pois é, às vezes até faço questão de saber.. que é pra ele ter certeza que restou amizade entre nós dois, só amizade.

    depois, numa outra oportunidade descobri outras coisas que não me deixaram nem triste e nem feliz. mas sabe, aos olhos alheios pode parecer mazoquismo (e às vezes é), mas eu prefiro saber.. do que ser pega de surpresa. é da minha natureza ter as coisas sob controle :D
    acho que é uma forma estranha de me proteger, admito.

    e sabe, contrariando o seu pensamento, acho mesmo que tem certas pessoas que nasceram para certas pessoas.. como nesse caso dos dois fulaninhos aí.. hehe

    .. beijos rosanita!  

  11. m disse...

    (acho que exagerei no comentário :x
    agora vou correr, pra não pegar chuva no caminho - depois de ficar 2 horas me arrumando, claro.. hahaha)  

  12. Anônimo disse...

    Adoro essas histórias no melhor estilo "Aconteceu comigo!"
    ANONIMO  

  13. Anônimo disse...

    Paulinha, ué, nem é continuação, a outra “novelinha” eu contei sobre uma tal psicolobosta... hehe
    E você pára de ficar olhando e-mail alheios, eu não mexo em nada de minhas filhas, nem dos agregados que vêm aqui em casa, abrem msn, e-mail, vão embora e deixam aberto. Eu sempre digo que se uma pessoa deixar uma bolsa na minha casa, com uma bomba preste a explodir, caso a dita cuja seja vasculha, owww nunca explodirá.
    E sobre perceber mudanças, tem gente que não percebe mesmo... jamais percebem, olham tanto para os seus umbigos que não sentem o outro, só querem ser donos e nada mais.
    Paulinha, o meu blog também está em inglês e você não entrou lá, então não se sinta culpada.
    E como você me faz rir com isso de o cunhado trazer mickey e com a “possibilidade” de ser preso.  

  14. Anônimo disse...

    Rafa, acontece que todos nós temos um pouco de canalhice e de inocência, né não?
    Claro que “emprestei” alguma coisinha de minha vida pra essa viagem, mas só algumas coisinhas... hehe ( o que será??? hummm???)
    Eu não gostei daquele filme, filme ruim é como relacionamento ruim, nos primeiros tempos se não há compreensão, não presta, nem adianta insistir. Eu, já na primeira parte, não saquei a merreca e desisti. Aliás, já tinha achado um porre um clique que o Fábio lá do orkut um dia mandou pra mim daquela música com aqueles atores. Todo mundo beijando todo mundo, gosto disso não.  

  15. Anônimo disse...

    Mahhh, fofíssima esse babado que aconteceu com você da tal cantada, aconteceu meio parecido comigo. Tava eu com meu namorado no icq, sei lá e ele evasivo, e eu encafifada, resolvi perguntar o motivo da demora e das respostas estranhas ele respondeu algo lá. Aí, do nada, coloquei o nick dele na busca das salinhas da uol, onde freqüentávamos e num é que o bandido tava numa sala. Caladinha, eu entrei de “Lúcia”, recordo-me, nitidamente, e fiquei lá, conversei, conversei e aí eu me “emputeci” e mandei o sujeito desconectar que eu queria ligar lá na casa dele. Só que eu não desconectei e continuei lá, e vendo as mocinhas alvoroçadas dizerem: ele deve ter caído, pois saiu até aqui no icq. Aí contei que fui na salinha e o sujeito me jurou de pé junto que não era ele, só que eu tinha a porra da sala gravada. Inda tenho até hoje... hahaha Tenho tantos dossiês... Nóis num presta.


    Acho tão chique pessoas se arrumando por duas horas... nunca consegui essa proeza, em 5 minutos eu tô pronta. Quando em épocas deu mais bonitinha, qualquer coisa me ficava bem, agora em tempos deu mais balofinha, nada vai melhorar mesmo... hahaha
    Beijos pessoas.  

  16. Anônimo disse...

    0www, sem acento.
    TE falar: a macacada aqui vai acabar saindo na porrada pra ver quem vai ganhar seu coração.
    .
    "Nóis-tá-quais-sia-paxônanu-por-conta-de-ocê."

    Bota reparo, procê ver.  

  17. Anônimo disse...

    To "botando" reparo não!

    É que eu percebi um certo ódio pelos fulanos do texto...
    Minha pergunta anterior foi só pra confirmar.
    Nenhum autor cria personagens sem causa... a não ser que se trate de uma narrativa.

    Já pensou em escrever pra jornais, revistas, blogs de relacionamento ou coisas do tipo??
    Toparia?

    "Discurpa si ofendi oces"

    ANONIMO  

  18. Rosana Tibúrcio disse...

    Owww do sem acento,
    Temos ódio dos "homi" não.
    Sabe psicóloga de plantão? Então, eu sou, escuto cada uma... e ajunto com minhas vivências, porque eu já vivi porrada.
    .
    Escrever pra jornais? Só se for pra Folha de São Paulo - sonho grande. Fazer companhia à Danusa, Zé Simão e outros.
    .
    Cê ofendeu nóis não...
    beijo na testa  

  19. Anônimo disse...

    Ow, "rosa que sana" ou euzinha, viu? "nonimo"... hehe  

  20. Unknown disse...

    Ooooooooi gente.. parando e tendo sossego só agora (e bem pouco).. dois dias chatinhos demais... e eu mais chatinha que os dois dias juntos.. to sem sal gente... deve ser inferno astral chegando...desculpa viu...

    beijo beijo... Rô.. amei o texto... e então vai topar a nossa novela?? deixa eu participar?? eu quero ser a malvada da história... aquela que ferra todo mundo e se da bem o tempo todo e só lááááááá no vinalzinha se da mal... pode ser???

    (alguem reparou um tokin de revota??? =D)  

  21. Unknown disse...

    era finalzinho*


    *revolta*


    eu quero minha cama ¬¬  

  22. Anônimo disse...

    Nanizinha, eu deixo você ser a malvada... mas eu no papel de quem te castiga.
    Mas de que novela mesmo você fala??? hehehe
    Acho que perdi essa parte...
    Genteeeeeeee, que feio!!
    beijos